Em meio a um ambiente econômico hostil, marcado por altas taxas de juros e ampliação da inadimplência, potencializado por incertezas políticas do ano eleitoral, as fintechs mantiveram o crescimento ao conceder quase R$ 14 bilhões em crédito em 2022, volume que representa uma adição de 9% em relação ao ano anterior, que registrou mais de R$ 12 bilhões. A conclusão faz parte da terceira edição da Pesquisa Fintechs de Crédito Digital 2023, realizada em parceria entre a Associação Brasileira de Crédito Digital – ABCD e a PwC Brasil.
Segundo o estudo, o ritmo mais lento, na comparação com os 96% de aumento no crédito ofertado entre 2020 e 2021, justifica-se pelas diferenças de cenário. Anteriormente, a expansão acelerada foi motivada pelo crescimento da demanda combinada a políticas favoráveis, inovação e também à entrada de novos participantes no mercado. Nos últimos dois anos, no entanto, a evolução do setor esteve muito mais associada ao avanço contínuo de atividades, expansão sustentável e operações eficientes do que à oferta de novos produtos para gerar receitas adicionais.
“O ano passado foi marcado por uma tempestade perfeita: consumidores e empresas muito endividados, a capacidade de pagamento caindo, a inadimplência aumentando e o custo do capital subindo. Isso se soma à alta dos juros e à queda significativa na disponibilidade de capital para financiar o incremento de carteiras e das empresas de tecnologia”, analisa Sandro Reiss, presidente da ABCD. “Nesse cenário, o crescimento das fintechs de crédito em 2022 é motivo de comemoração. Foi um ano de superação e resiliência, as empresas cresceram, inovaram e diversificaram suas fontes de financiamento em um ambiente muito adverso”, completa Reiss.
Sócio e líder de Consultoria em Serviços Financeiros da PwC Brasil, Willer Marcondes reforça que o setor segue demonstrando sua força. “As fintechs de crédito se concentraram em certos segmentos, ganhando musculatura. As empresas estão se estruturando melhor e crescem consistentemente ano após ano, mirando nichos mais rentáveis e estáveis, menos expostos a riscos e, assim, gerando resultados mais rapidamente”, afirma Marcondes. “É o caso do foco maior em pessoas jurídicas, por exemplo. Dentro desse segmento, vemos o crescimento na participação de empresas médias, que são capazes de se adaptar melhor a cenários de crise”, conclui.
Números levantados pela pesquisa corroboram o movimento de amadurecimento do setor ao longo dos anos: 79% das empresas atualmente estão em fase de consolidação ou expansão, aumento de cinco pontos percentuais em relação a 2022. Em 2019, o índice das fintechs de crédito nesses estágios era de 49%.
A terceira edição da pesquisa detectou também a tendência de especialização das fintechs de crédito exclusivamente em pessoas físicas (PF) ou jurídicas (PJ), em vez da tentativa de atender a ambos os públicos. O percentual de empresas que oferecem soluções para ambos os clientes registrou retração de 13 pontos percentuais, sugerindo um reposicionamento delas com relação à estratégia de oferta de produtos e serviços. O crescimento exclusivo por público foi mais acelerado para o segmento PJ, com uma taxa anual de aproximadamente 32% entre 2021 e 2022, em comparação com 16% para PF.
Destacam-se entre as conclusões do estudo a evolução da participação do crédito pessoal consignado para trabalhadores do setor privado, que registrou alta de seis pontos percentuais entre 2021 e 2022, atingindo 26%, e uma ligeira retração de produtos com e sem garantia nas ofertas para pessoas físicas. Na análise das pessoas jurídicas, crédito com ou sem garantias e a antecipação de faturas de cartão de crédito cresceram em 2022, enquanto modalidades como financiamento de capital de giro e desconto de duplicatas perderam participação.
A Pesquisa Fintechs de Crédito Digital 2023 identificou ainda o aumento da aceitação de garantias no setor: de 2020 a 2022, o percentual quase dobrou, atingindo 56% das empresas participantes do levantamento, o que sugere maior busca por segurança em meio a um ambiente econômico incerto. Entre os tipos de garantia aceitos, ao mesmo tempo em que os recebíveis caem lentamente – 40% em 2020, 36% em 2022 – outras formas emergem como novas opções, caso da categoria de fundos, quase duplicando seu valor inicial em dois anos – 10% em 2020, 19% em 2022.
Quanto ao financiamento das fintechs de crédito, operações com FIDCs (Fundos de Investimento em Direitos Creditórios) ou securitizadoras se tornaram a fonte mais importante de investimento no último ano, ultrapassando o capital próprio, que registrou uma queda de 14 pontos percentuais entre 2021 e 2022.
O estudo completo pode ser acessado aqui.
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