Projeto liderado por mulheres combate o desperdício no campo

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Cooperativa Agrícola de Quatinga e Região (CAQ) fortalece a comercialização de hortaliças que seriam destruídas dentro da porteira
Projeto liderado por mulheres combate o desperdício no campo

Nos últimos anos, a sustentabilidade vem ganhando um grande espaço no mundo do agronegócio. No Brasil, o termo ficou em primeiro lugar no ranking de problemas socioambientais mais pesquisados da internet em 2023, com uma média de 1.58 milhões de buscas mensais, de acordo com um estudo da Semrush. Em paralelo, outro crescimento chama a atenção do setor: a presença feminina. Segundo dados do IBGE, entre 1998 e 2020, o número de mulheres em cargos de gestão de estabelecimentos rurais aumentou 38%. E, de acordo com uma pesquisa da Associação Brasileira do Agronegócio (ABAG), de 2021, 57% participam ativamente de sindicatos e associações rurais. Dentro deste cenário, nasceu a Cooperativa Agrícola de Quatinga e Região (CAQ) – primeira colaboração da área liderada por cinco mulheres nos principais cargos de gestão – para combater quatro problemas atuais relacionados a alimentos: o desperdício no campo, a fome, a desnutrição e o acesso a verduras e legumes frescos e saudáveis, mas com preços mais acessíveis.

Idealizada por Simone Silotti, pequena produtora rural de Mogi das Cruzes e Vice-Presidente da CAQ, a iniciativa surgiu durante a pandemia, quando o campo sofreu com as paralisações e os pedidos foram cancelados. Com isso, a agricultora decidiu conectar as hortaliças que seriam jogadas fora às pessoas em insegurança alimentar e nutricional. Por meio de uma vaquinha online para ajudar a custear as  operações, o projeto, batizado de #FaçaumBemINCRÍVEL, uniu 23 produtores rurais da região do Cinturão Verde, no Alto Tietê (SP), para oferecer às famílias carentes mais de 30 tipos de verduras, legumes e frutas que seriam destruídos por dificuldades com a comercialização.

“A janela de colheita de uma hortaliça é muito curta, de 3 a 5 dias, se o produtor não conseguir comercializar neste período, ele precisa destruir para plantar tudo novamente”, explica Simone, que complementa com a lista dos fatores que prejudicam a comercialização: “Queda no poder de compra da população, frente fria, greve logística e, sobretudo, a exigência dos grandes supermercados por um padrão estético e adequação no tamanho da embalagem”. Segundo a produtora, desde a sua criação, a CAQ já doou mais de 400 toneladas de frutas, verduras e legumes e beneficiou mais de 350 mil famílias.

Unindo ação sustentável e tecnologia

Como apenas a vaquinha online não continuaria sustentando a ação, a CAQ começou a fazer parcerias com outras instituições, que também apoiavam a causa. É o caso da plataforma de social commerce Facily, que incluiu os produtos da cooperativa em seu catálogo para que toda a população tivesse acesso a hortaliças frescas.

“Abrimos espaço para essas mercadorias que não se encaixam nos mercados comuns, ou seja, são maiores do que as que são normalmente vendidas, mas com preços ainda mais baixos e, sobretudo, sem perder a qualidade e frescor”, explica Diego Dzodan, CEO e fundador da Facily. Para realizar essa operação, a CAQ estabeleceu um ponto de coleta no meio rural, onde os agricultores levam suas colheitas. Então, a Facily recolhe esses hortifrutis e os transporta até o centro de distribuição.

Segundo o executivo, a parceria visa aumentar os ganhos dos profissionais do campo ao mesmo tempo que oferece alimentos frescos e até 40% mais baratos para o consumidor.