Como síndico, você atua como o representante legal do condomínio e, nessa função, assume diversas responsabilidades — e as contratuais são uma das mais importantes. No entanto, é muito comum que contratos sejam fechados sem a devida análise jurídica, o que pode trazer riscos significativos e gerar prejuízos para o condomínio.
A celebração de contratos sem a análise adequada pode comprometer a saúde financeira do condomínio e gerar passivos jurídicos de difícil resolução. Por isso, é fundamental que o síndico submeta qualquer contrato à assessoria jurídica e, quando necessário, busque a validação do Conselho.
Para novos serviços, a contratação deve ser aprovada em assembleia. Já para serviços já aprovados, o síndico pode ter autonomia para trocar de empresa, mas deve ter atenção especial para evitar contratos longos ou com cláusulas dúbias.
É importante lembrar que o síndico pode ser responsabilizado pessoalmente por erros que prejudiquem o condomínio. O princípio da autonomia da vontade — típico do direito privado — permite que as partes convencionem sobre o que quiserem, desde que não haja impedimento legal. Por isso, o cuidado com a forma e o conteúdo do contrato é indispensável.
Muitas vezes, síndicos firmam contratos de longa duração, com cláusulas de fidelidade, renovação automática, penalidades desproporcionais ou obrigações que extrapolam sua competência. Nesses casos, a decisão deve ser levada à assembleia para não violar a convenção condominial e o dever de transparência.
O poder do síndico é funcional e limitado. Ele deve respeitar as regras da convenção e do regulamento interno, e sempre consultar os condôminos quando um contrato representar um risco relevante ou afetar o uso de áreas comuns.
Para evitar problemas, aqui está um checklist essencial que todo síndico deve seguir antes de assinar um contrato:
Embora o condomínio não seja uma empresa, sua gestão exige a mesma cautela jurídica. O contrato é uma ferramenta de gestão e deve ser tratado com responsabilidade técnica e legalidade. O síndico que entende a importância do que está por trás da assinatura — considerando a forma, o conteúdo, os efeitos e as responsabilidades — se destaca não apenas como um bom gestor, mas como o guardião jurídico da coletividade que representa.
Por: Rodrigo Karpat é especialista em direito imobiliário e questões condominiais, presidente da Comissão Especial de Direito Condominial no Conselho Federal da OAB e presidente da Comissão de Direito Condominial da OAB SP.
Grifo nosso – Complementando o assunto...
A gestão de um condomínio vai muito além de zelar pela limpeza e manutenção. A análise jurídica dos contratos é uma das tarefas mais críticas, pois lida diretamente com a segurança financeira e a estabilidade legal da coletividade. O síndico, como representante legal, é o primeiro a ser cobrado caso um contrato mal redigido cause prejuízos.
Muitos síndicos, especialmente os que estão em seu primeiro mandato, podem subestimar a complexidade de um contrato. Apressados para resolver um problema (seja uma infiltração urgente ou a necessidade de uma nova empresa de segurança), eles acabam assinando documentos sem ler as letras miúdas. É aí que mora o perigo.
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Existem cláusulas que parecem inofensivas, mas podem se tornar uma verdadeira dor de cabeça:
A Convenção Condominial e o Regulamento Interno são os guias do síndico, e neles geralmente estão os limites de sua autonomia. É vital seguir a regra: contratos que gerem despesas vultosas, que sejam de longo prazo ou que afetem o uso de áreas comuns devem ser aprovados em assembleia.
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Um bom exemplo é a contratação de obras. Uma pequena reforma no jardim pode ser de alçada do síndico, mas a troca do telhado ou a instalação de um novo sistema de segurança, por serem obras de grande porte, necessitam da aprovação dos condôminos. Agir por conta própria nesses casos é arriscar a validade do contrato e até mesmo a destituição do cargo.
O Conselho Fiscal (ou Consultivo) é um grande aliado. Ele deve ser consultado antes de qualquer contratação relevante, especialmente para avaliar o impacto financeiro. A autorização do conselho pode ser um requisito da convenção, e ignorá-lo é uma falha grave.
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Por fim, a assessoria jurídica não é um luxo, é uma necessidade. Contar com um profissional especializado em direito condominial para revisar e fazer a análise jurídica dos contratos é a melhor forma de blindar a gestão. O custo desse serviço é insignificante perto do prejuízo que um contrato mal feito pode causar. O síndico que entende isso não apenas protege a si mesmo, mas também garante a segurança e a saúde financeira de todos os condôminos.
A análise jurídica dos contratos é uma etapa crucial para qualquer gestão, especialmente a condominial, pois garante que os acordos firmados estejam em conformidade com a legislação e protejam os interesses da coletividade.
Ignorar essa etapa pode expor o condomínio a riscos financeiros e jurídicos, resultando em multas, cláusulas abusivas, renovações automáticas indesejadas e litígios custosos.
Portanto, o síndico deve tratar cada contrato não apenas como um acordo comercial, mas como um documento legal que exige cautela, diligência e, sempre que possível, o parecer de um especialista para assegurar a transparência e a segurança de todos os condôminos.
A análise jurídica dos contratos não é um obstáculo burocrático, mas sim uma ferramenta estratégica que confere profissionalismo à gestão condominial.
Ao examinar minuciosamente as cláusulas, o síndico identifica potenciais armadilhas, como multas desproporcionais, prazos de fidelidade excessivos e obrigações que extrapolam a competência do condomínio. Essa prática proativa minimiza os riscos de conflitos futuros com prestadores de serviço e garante que o patrimônio da coletividade seja protegido. Trata-se de um ato de responsabilidade e transparência, que demonstra o compromisso do síndico em atuar com diligência e compromentimento.
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