Início de ano é tempo de fazer reflexão sobre a vida e os relacionamentos, estabelecer metas, projetos e sonhos. Novas metas são estabelecidas, tais como: fazer um curso, reformar ou mudar de casa, ser mais organizado e produtivo e cuidar da saúde – e porque não incluir atenção especial às emoções?
A campanha Janeiro Branco de conscientização sobre saúde mental, momento em que as pessoas estão mais inspiradas e motivadas para revisar suas vidas e traçar metas.
Pós pandemia, tornou importante falar sobre a saúde mental nos condomínios tanto para o síndico – que viu crescer o volume de demandas e conflitos, quanto para moradores, que passaram a ficar muito mais tempo em casa, e agora com a consolidação do home office.
Nesta matéria, fomos buscar informações, experiências, orientações e sugestões práticas para ilustrar soluções a aplicar, como a história de uma síndica profissional que superou o burnout, da inclusão de moradores na abordagem do assunto saúde mental nos condomínios, gerando oportunidades e aproveitando espaços dos empreendimentos para convidar a todos a uma vida mais equilibrada.
Segundo dados da OMS – Organização Mundial da Saúde: doenças mentais vão matar mais que as cardíacas.
De acordo com os dados de 2022 desta Organização, foi identificado que quase um bilhão de pessoas vivem com algum transtorno mental, cenário agravado pela pandemia de Covid-19.
Certamente você sofre ou conhece alguém que teve episódio de burnout (doença ocupacional em janeiro de 2022), ansiedade ou depressão.
Visto que milhões de pessoas moram em apartamentos, o condomínio é um lugar importante para enfatizar e falar de saúde mental.
Foi palestra de encerramento da última edição do Conexão SindicoNet em 2022, e foi falado sobre o equilíbrio e a resiliência emocional para síndicos na nova gestão de condomínios residenciais.
Os síndicos ocupam o solitário papel de liderança, que envolve tomadas de decisão em tempo recorde num cenário que envolve a saúde mental do pós pandemia e do home office estabelecido.
Dados atuais da OMS indicam que:
Estes, e muitos outros dados alarmantes, foram apresentados com o objetivo de trazer reflexão – e soluções – para um assunto necessário, num mundo de maior longevidade, mas com qualidade de vida ameaçada.
É impressionante ver o número de pessoas habitando o planeta, o volume de dados e o uso de equipamentos tecnológicos somado à consolidação do home office mudar o estilo de vida e impactar profundamente a saúde física e mental.
Observa-se uma pressão e exigência cada vez maior por habilidades complexas, esperadas nos tempos atuais das lideranças – incluindo síndicos.
Lista de aspectos comportamentais:
Proprietária da Sindicompany, a síndica profissional Juliana Moreira, tem sob a sua responsabilidade a gestão de condomínios que somam mais de 48 mil moradores e 300 funcionários.
Não surpreende o fato dela ter chegado ao limite e ser diagnosticada com burnout tendo esse volume de empreendimentos, pessoas, equipe e demandas para gerir.
“Durante a pandemia, estive muito presente nos condomínios para garantir procedimentos de higienização, auxílio ao morador doente, e para manter a equipe comprometida e unida. Peguei covid-19 por 4 vezes”, relata.
Não parou nenhum dia, mesmo assim, sofreu perseguição de condôminos.
“A sensação que eu tenho é que as pessoas acabam canalizando seus problemas para o síndico, esquecendo que ele também é um ser humano por trás do cargo. Perdi muitas noites de sono devido à carga mental e muito assédio”, diz Juliana.
Durante terapia recebeu o diagnóstico de burnout – estresse crônico no trabalho com esgotamento físico e mental – e começou a fazer tratamento.
“Cheguei ao ponto de só conseguir dormir 2 horas por noite porque a cabeça não desligava. Além da pandemia, a pressão dos condôminos, o excesso de problema dos outros e casos de tentativa e de suicídio. Tive crises de ansiedade e fiquei em estado de vigília por 7 meses“, segundo ela.
Durante a pandemia, houve 7 tentativas de suicídio nos condomínios que Juliana Moreira administra.
“Ajudei pessoalmente em várias ocorrências e conseguiu fazer um resgate. Cheguei a arrombar a unidade e levar o condômino para o hospital. Hoje reconheço que foi um ato intempestivo por ser invasão de uma propriedade privada, mas fiz amparada pela anuência da família, que mora em outra cidade. Mas teve um caso que foi fatal“, lamenta.
Ela esteve presente na perícia e foi a pessoa incumbida de dar a notícia para a família.
Por recomendação médica, a licença do trabalho foi indicada para a síndica Juliana, por ser empresária, o afastamento total não seria possível.
Com o tratamento, que incluiu medicação, intensificação das sessões de terapia, o que ela recomenda para todos os síndicos, e ampliação da equipe de trabalho para delegar mais, ela foi superando o problema e melhorando sua saúde mental.
Juliana criou o departamento People & Cultures em sua empresa. A área é responsável por plano de carreira, desenvolvimento proficiional, alinhamento de equipe e desenvolvimento da cultura da empresa, a SindiCompany e nos funcionários alocados nos condomínios de sua gestão.
Ela também passou a impor limites aos condôminos que abusam nas solicitações e nas demandas.
“Eu me cuido para poder cuidar dos outros. Porque no final das contas, condomínios são pessoas com um prédio no meio. Este é o maior desafio do síndico: lidar com as pessoas. Conheço síndicos que abandonaram a carreira por não saber lidar ou não conseguir administrar o lado emocional.”
Os condomínios são espaços habitados por milhões de pessoas diferentes e pode ser mais um campo divulgar informações e promover cuidados efetivos da saúde mental das pessoas. O síndico tem papel importante para realizar campanhas de conscientização, promover o aproveitamento dos espaços e áreas de lazer, estimular exercícios físicos, criar eventos que fomentem a socialização e a participação de todos, criando eventos e palestras com foco em problemas destes condomínios.
Juliana Moreira é conhecida por criar eventos e encontros sociais, ela também faz parcerias com empresas de massagem nos condomínios onde tem SPA e contrata assessoria esportiva para implantar atividades físicas etc.
Duas ações de final de ano marcantes que aconteceram em alguns de seus condomínios foram:
Incentivar o uso, ser criativo e gerar oportunidades e motivos para o bom uso das áreas comuns traz valorização e satisfação dos moradores que interagem uns com outros e enxergam valor e retorno.
Outra ideia é promover ciclo de palestras de cuidados com saúde mental com especialistas para que os condôminos entenderem suas necessidades e como pedir ajuda, sendo recomendado aplicar essa prática em condomínios onde houve tentativas e relatos de problemas e mesmo de tentativas ou suicídio.
Abaixo algumas orientações e cuidados a serem adotados para a saúde mental:
Já existe uma abertura cultural para introdução de assuntos por meio de campanhas, como Outubro Rosa, Novembro Azul, campanhas de vacinação, dentre outras.
A campanha Janeiro Branco trabalha um assunto universal, a importância da saúde mental, do equilíbrio, da paz de espírito, do diálogo, do amor, afeto, harmonia, respeito, solidariedade e compreensão e harmonia nas relações humanas. E começar apostando na comunicação dentro dos condomínios destas mensagens é uma estratégia para se garantir saúde mental.
Os materiais desta campanha – Janeiro Branco – estão disponíveis para download Clicando Aqui
O síndico pode afixar cartazes nos murais, nas áreas comuns (academia, banheiros, atrás de bebedouros, guarita de entrada), distribuir um panfleto por unidade na entrega da correspondência ou mesmo colocar nos elevadores em monitores e telas.
Por: Redação
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