Trecho extraído de entrevista de Leonardo Abrahão, psicólogo e presidente do Instituto Janeiro Branco sobre o tema saúde mental nos condomínios ao Sindiconet.
O síndico ocupa um cargo de liderança e é, no fundo, um gestor de relações humanas, às vezes até árbitro, advogado de conciliação, um promotor de justiça.
É muito importante para todo mundo que ocupa cargos de liderança ou de gestão de pessoas ter ciência do seu papel.
Ninguém pode começar a desempenhar uma função sem ter essa noção e consciência das características, do perfil, das habilidades, competências e da disponibilidade emocional necessárias para se colocar à disposição do exercício de alguma profissão.
Um síndico vai ter que usar do máximo da sua disponibilidade, flexibilidade emocional, de entendimento de como ocorrem as relações humanas.
Por ser um gestor de pessoas, o síndico só pode se propor a esse papel se tiver recursos internos para lidar com as dificuldades internas das outras pessoas. Quem se coloca no papel de gerir relações humanas tem que entender que este papel é, na verdade, de administrar questões, sentimentos e conflitos humanos. Faz parte!
É o mesmo que se propor a ser um soldado e achar que não vai encontrar situações de guerra, violência e de ameaça à própria vida. Então é ter consciência do que o papel exige em termos subjetivos – emocionais e pessoais – e objetivos.
Depois, se for o caso, buscar até uma qualificação, preparo, que às vezes significa cuidar das suas próprias emoções para não deixá-las se misturar com as emoções dos outros. Cuidar dos seus próprios conflitos internos para não deixar os seus conflitos transbordarem e misturarem com os conflitos das pessoas que ele vai administrar no papel de síndico.
É importante que o síndico entenda que ele precisa estar com a sua saúde mental em dia para poder lidar com os altos e baixos da saúde mental das outras pessoas do condomínio.
Ele precisa estar física e emocionalmente bem, financeiramente equilibrado, precisa ter mecanismos de escape, descarga e de fuga do seu próprio estresse para que possa lidar com os desafios do dia a dia e, principalmente, com os desafios impostos pelas emoções das pessoas sob sua gestão.
Exemplos:
O síndico que atua de maneira profissional precisa entender que parte das decisões e atitudes que ele tem que tomar devem ser amparadas por recursos externos a ele, como uma assessoria jurídica, por exemplo, legitimando, validando, qualificando decisões que ele tem que tomar para que ele não se sinta isolado e o único responsável por tomar todas as decisões e implementar todas as medidas.
Isso tira o excesso de peso de suas costas em relação a decisões técnicas e o ajuda a preservar a sua saúde mental.
Basicamente, existem duas formas para que qualquer pessoa possa ser uma fonte de informações sobre saúde mental para outras pessoas.
Cuidar da sua própria saúde mental e dar o exemplo, mostrando que consegue administrar a sua saúde mental, investir em sua saúde mental por meio de atitudes, compromissos, comportamentos que demonstram que a sua saúde mental está equilibrada e em dia.
Usar os espaços convenientes e acessíveis do condomínio para passar as mensagens da campanha Janeiro Branco. Isso pode ser feito por meio de comunicação:
Separando e defendendo um espaço na agenda para cuidar e investir em uma vida com mais saúde mental. As pessoas podem buscar oportunidades de pausas, de reflexões, de investimento em autoconhecimento, de ter contato com a natureza, de estar com a família, de tomar banho de sol nas áreas de lazer do condomínio, usar a piscina, a pista de caminhada.
Investir em saúde mental, nos tempos atuais, pede atitudes práticas, ativas e positivas. Não pode ser “quando der”, “quando for possível”.
Assim como abrimos espaço para levar os filhos a escola, para ir ao supermercado, pagar contas, trocar o pneu do carro quando necessário, nós precisamos colocar na agenda de forma consciente, sistemática e como uma decisão em prol da saúde mental pessoal e da própria família. As pessoas devem defender esse espaço e esse tempo, que está cada vez menor na pós-modernidade.
Abaixo, confira 10 dicas para fortalecer a saúde mental, do Instituto Janeiro Branco:
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