Sala São Paulo: 25 anos de riqueza cultural na capital

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Considerado um dos melhores espaços para concertos do mundo, a Sala São Paulo, inaugurada em 9 de julho de 1999 onde antes ficava o edifício da Estação Júlio Prestes, comporta quase 1.500 pessoas e já realizou mais de 3 mil apresentações.
Sala São Paulo

Sala São Paulo

Considerado um dos melhores espaços para concertos do mundo, a Sala São Paulo, inaugurada em 9 de julho de 1999 onde antes ficava o edifício da Estação Júlio Prestes, comporta quase 1.500 pessoas e já realizou mais de 3 mil apresentações.

Cartão postal da cidade, a Sala São Paulo chega nesta terça-feira, 09/07/2024, aos 25 anos.

Localizada no Complexo Cultural Júlio Prestes, no Centro da capital paulista, trata-se da mais moderna sala de concertos da América Latina e uma das melhores do mundo, conhecida pela sua acústica de alto nível.

História da Sala São Paulo

Inaugurada em 1999, a Sala foi tombada na mesma data como patrimônio histórico pelo Conselho Estadual de Defesa do Patrimônio Histórico, Arqueológico, Artístico e Turístico (Condephaat). O local também é sede da Orquestra Sinfônica do Estado de São Paulo (Osesp), do governo estadual.

Ocupa o edifício onde antes estava a Estação Júlio Prestes, do arquiteto Christiano Stockler das Neves, construída entre 1926 e 1938 para se tornar a sede da Estrada de Ferro Sorocabana.

Por volta da metade do século XIX, o café se tornou o produto mais importante da economia brasileira. Com as plantações localizadas cada vez mais distantes do Porto de Santos, um meio de transporte mais eficaz passou a ser necessário para o escoamento da ampliação da produção. Foi nesse período de prosperidade que a Sorocabana construiu um grande edifício onde pudesse concentrar todas as suas atividades.

No entanto, inúmeros eventos no decorrer dos anos, como a quebra da Bolsa de Nova York (1929), a Revolução Paulista de 1932 e a Segunda Guerra Mundial (1939-1945) levaram a Sorocabana a enfrentar, em 1948, o seu primeiro saldo negativo, do qual nunca mais se recuperou.

Em 1992, a Ferroviária Paulista (Fepasa) criou uma coordenadoria para recuperação e revitalização dos bens ferroviários. Na Estação Júlio Prestes, além de obras de restauro e conservação de todo o conjunto, a estratégia utilizada foi abrir seus principais espaços para a realização de eventos.

No entanto, o prédio foi cedido à Secretaria de Estado da Cultura em 1998 como forma de quitação de dívidas e deu-se início a um processo de restauro da Estação Júlio Prestes, com projeto do arquiteto Nelson Dupré. Equilibrar os parâmetros acústicos de excelência com a necessidade de preservação do patrimônio arquitetônico do edifício era uma das maiores preocupações do projeto de reforma.

Sala São Paulo

A Sala São Paulo ocupa a área onde antes estava a Estação Júlio Prestes, construída entre 1926 e 1938 para ser a sede da Estrada de Ferro Sorocabana

Após dois anos de reforma, nascia a Sala São Paulo. No ano seguinte, a Sala recebeu o Prêmio Internacional de Honra 2000 da USITT – United States Institute for Theatre Technology. Em 2015, o jornal inglês The Guardian incluiu a Sala dentre as 10 das melhores salas de concerto do mundo, ao lado da Philharmonie de Paris e de Berlim e da Grande Sala do Musikverein, de Viena.

Sala São Paulo: Um sonho realizado

Há 25 anos, inúmeras pessoas sonhavam em trazer a música clássica de volta ao Centro da capital paulista, entre gestores públicos – que queriam revitalizar a região -, e maestros e cidadãos que queriam um local de qualidade acústica excepcional.

“A Sala conta a história de São Paulo. Ela guarda informações valiosas sobre arquitetura e as transformações políticas, econômicas e culturais do nosso Estado. Recebe artistas e grupos nacionais e internacionais com um forte compromisso com a educação musical, oferecendo programas educativos e concertos didáticos que alcançam milhares de jovens e adultos. Além de promover e democratizar o acesso à música clássica, a Sala também contribui para a valorização cultural e turística da região, atraindo visitantes e fomentando a economia local”, ressalta Marília Marton, Secretária da Cultura e Economia Criativa do Estado de São Paulo.

Com 10 mil metros quadrados por andar e pé direito de 24 metros – o que cria o ambiente perfeito para a acústica necessária em concertos, a Sala São Paulo tem capacidade para 1.498 espectadores com assentos confortáveis e espaçosos, incluindo 22 camarotes. São cerca de 150 concertos ou recitais por ano e, no local, já foram realizadas mais de 3 mil apresentações desde a sua inauguração.

Sala São Paulo

Sede da Orquestra Sinfônica do Estado de São Paulo (Osesp), a Sala São Paulo tem capacidade para 1.498 espectadores com assentos confortáveis e espaçosos, incluindo 22 camarotes

O local conta com um restaurante refinado e com a Livraria Clássicos, cujo acervo possui muitas obras nacionais e importadas sobre música e literatura. Com um estacionamento próprio, a Sala ainda tem uma saída de metrô diretamente para o hall do edifício. Além das apresentações, a Sala oferece visitas monitoradas acessíveis.

Reconhecida mundialmente, a acústica impecável da Sala São Paulo se dá por diversos elementos. A disposição dos balcões e seus desenhos frontais, o posicionamento do palco, a inexistência de carpetes ou cortinas, a espessura da madeira do palco, o desenho das poltronas, as paredes pesadas e o forro móvel, que se tornou a marca registrada e trunfo da Sala, que possibilita a melhor adequação para cada peça.

Frequentadora assídua da Sala, a professora de piano mineira Lúcia Alcântara, de 43 anos, já assistiu a centenas de concertos nestes 25 anos de história. “Depois que me mudei para São Paulo vou todos os anos, desde os meus 18 anos, e várias vezes por ano. É um dos lugares que mais amo na cidade. Já vi peças memoráveis como a Filarmônica de Munique com Zubin Mehta, a Filarmônica de Viena, que foi o primeiro grande grupo internacional a tocar lá e trouxe um reconhecimento internacional, além de várias apresentações da Osesp, destaque para a Sagração da primavera com Kristjan Järvi”, lembra Lúcia.

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A arquiteta Alzira Gonçalo já foi algumas vezes à Sala São Paulo e sempre fica emocionada com a grandiosidade do edifício, especialmente porque ela é uma especialista em restauro. “Além de ser uma das melhores salas de concerto do mundo, ela é originária de uma estação ferroviária. Isso é incrível. Essa readequação de uso deu muito certo e transformou o lugar numa preciosidade da cidade, muito bem conservada. Na época da reforma, havia um burburinho sobre se daria certo fechar o espaço, que era aberto, para fazer uma sala fechada. Eu acho que nós paulistanos e brasileiros só saímos ganhando com essa transformação. O lugar é espetacular”, diz.

Concerto especial na Sala São Paulo

Para celebrar esta data memorável, a Orquestra Sinfônica do Estado de São Paulo apresenta hoje, dia 9, o último concerto comemorativo em programação iniciada na quinta-feira, dia 4. Na ocasião da inauguração, em 1999, foi executada a Sinfonia nº 2 – Ressurreição, de Gustav Mahler, composta entre 1888 e 1894, mas que ganhou sua versão final em 1910. São 80 minutos de duração e cinco movimentos que exploram o tema da morte e da ressurreição.

Essa mesma obra retorna agora ao palco no aniversário de 25 anos da Sala Paulo. Os ingressos estão esgotados, mas o público poderá assistir gratuitamente à apresentação pelo canal do YouTube da Orquestra Sinfônica de São Paulo.

Hoje também será inaugurada, no Hall Principal da Sala São Paulo, uma maquete tátil da Sala de Concertos. Como foco em acessibilidade, o projeto tem como objetivo criar um sistema de orientação e identificação de espaços para pessoas com deficiência visual e com baixa visão.

Fonte: Diário do Comércio ACSP