A rotina de um síndico, responsável pela administração e bem-estar de um condomínio, nem sempre é tranquila. Infelizmente, um ambiente de trabalho hostil e a ocorrência de ameaças têm se tornado uma realidade preocupante, gerando um clima de medo que impacta profundamente o desempenho profissional e a vida pessoal desses gestores.
As ameaças proferidas contra síndicos deixam cicatrizes na saúde mental. Társia Quilião, por exemplo, relata como a exposição constante a áudios de opositores minava sua autoestima e autoconfiança. A preocupação com a segurança pessoal se torna uma sombra constante. Após receber ameaças de morte, Társia buscou aulas de tiro como forma de proteção.
Para Domichelica, a gravidade das ameaças a levou a estabelecer critérios claros para uma possível renúncia. Sua prioridade se estende à segurança de sua equipe: “Com o crescimento da minha carteira de condomínios, já não atendo mais sozinha e conto com colaboradores em visitas, e prezo pela segurança e saúde deles. Agressão física ou ameaça de morte são limites”.
Além da integridade física, a reputação profissional dos síndicos também se torna alvo de ataques. Társia Quilião aponta a iminente difamação como um dos pontos mais críticos que enfrentou.
Domichelica compartilha experiências similares, com opositores insinuando a publicação de críticas em plataformas como o Reclame Aqui. Embora ela questione a confiabilidade dessas plataformas como parâmetros, reconhece o potencial impacto negativo que tais ações podem ter na carreira de síndicos profissionais, especialmente aqueles com uma carteira de condomínios menor.
A preocupação com a segurança não se limita aos síndicos. As ameaças frequentemente se estendem às suas equipes, como no caso da assistente grávida de Domichelica Armentano, que foi ameaçada por um subsíndico.
Essa extensão das ameaças aos colaboradores gera uma pressão adicional sobre os síndicos, que se sentem responsáveis pela segurança de seus times. Domichelica enfatiza: “Prezo não só pela segurança, mas pela saúde dos meus colaboradores. Não coloco em risco o meu time operacional”.
Diante desse cenário, o advogado André Junqueira, especialista na área, oferece orientações cruciais para síndicos que enfrentam ameaças. A primeira medida recomendada é a busca por uma proteção coletiva.
“Proteção coletiva é o síndico estar sempre com uma equipe, a administradora e o jurídico. Sempre que ele está em equipe, é melhor para impedir comportamentos agressivos contra ele. A união, literalmente, faz a força”, explica Junqueira. Ele ressalta que a atuação em conjunto e o acompanhamento já exercem um efeito inibidor.
Em caso de ameaças ou agressões, Junqueira orienta a acionar imediatamente esse grupo de apoio, especialmente o jurídico, para que este possa agir com imparcialidade, assertividade e dentro da lei, deixando claro que comportamentos antissociais não ficarão impunes.
Quando a ameaça ou agressão já ocorreu, André Junqueira recomenda ações imediatas:
Adicionalmente, o advogado aconselha a buscar:
Em relação a boatos e calúnias em grupos de WhatsApp, Junqueira enfatiza a importância de identificar o autor e notificá-lo para esclarecimentos. Ele alerta para o perigo de minimizar comentários ofensivos sob a alegação de liberdade de expressão, reforçando que “existem limites, e os limites devem ser impostos imediatamente”.
O advogado destaca o crescente número de decisões judiciais condenando pessoas por difamação e injúria em grupos de WhatsApp, mesmo que a vítima não faça parte do grupo. Havendo testemunhas ou provas, a vítima pode buscar indenização por danos morais e, em muitos casos, a configuração de crime contra a honra.
A necessidade de um forte apoio jurídico é um ponto crucial, tanto para o advogado quanto para as síndicas entrevistadas.
André Junqueira defende a existência de um jurídico robusto em ambas as pontas: o do condomínio e um próprio do síndico profissional. Ele esclarece que o jurídico do condomínio visa defender o interesse comum, garantindo imparcialidade em seus pareceres.
Por outro lado, a vantagem de um jurídico próprio para o síndico reside na defesa mais intensa e ágil, sem as amarras de representar o condomínio. “E aí, tomando as medidas que só precisa de uma autorização: do próprio síndico. E não autorização do conselho, convenção ou assembleia, conforme o caso”, exemplifica Junqueira.
Esse suporte jurídico é essencial tanto para a prevenção, através de orientações, quanto para a atuação efetiva em casos de ameaças, como demonstrado pelas medidas cautelares obtidas por Társia e as ações judiciais movidas por Domichelica.
As ameaças representam um desafio significativo para a vida e a carreira dos síndicos. A conscientização sobre o impacto dessas situações, aliada à busca por proteção coletiva e um suporte jurídico eficiente, são passos fundamentais para garantir a segurança e o bem-estar desses profissionais, permitindo que exerçam suas funções com a tranquilidade e o respeito que merecem.
Leia também – Síndicos Ameaçados: Corrupção e Intimidação no Cenário Condominial
A realidade das ameaças enfrentadas por síndicos exige não apenas medidas legais reativas, mas também a construção de uma resiliência proativa. Desenvolver estratégias de comunicação eficazes, fortalecer a rede de apoio e investir em segurança são pilares essenciais para mitigar riscos e preservar a saúde física e mental desses profissionais.
Uma comunicação clara e transparente com os condôminos pode ser uma ferramenta poderosa na prevenção de conflitos que escalonam para ameaças. Manter todos informados sobre as decisões da administração, os desafios enfrentados e os avanços realizados pode diminuir a desconfiança e o surgimento de narrativas negativas.
Além do suporte jurídico, construir uma forte rede de apoio pessoal e profissional é fundamental para que os síndicos não se sintam isolados ao enfrentar ameaças.
A segurança do síndico e de sua equipe deve ser uma prioridade. Investir em medidas preventivas pode reduzir a probabilidade de ocorrências e aumentar a sensação de segurança.
Lidar com ameaças e um ambiente de trabalho hostil pode ter um impacto significativo na saúde mental dos síndicos. Buscar apoio psicológico é fundamental para processar as experiências traumáticas e desenvolver mecanismos de enfrentamento saudáveis.
Em última análise, a luta contra as ameaças aos síndicos é um esforço multifacetado que envolve medidas legais, estratégias de comunicação, fortalecimento da rede de apoio, investimento em segurança e, crucialmente, a priorização da saúde mental. Ao construir resiliência em todas essas áreas, os síndicos podem enfrentar os desafios com mais segurança e preservar seu bem-estar pessoal e profissional.
Fonte: Portal Sindiconet por Catarina Anderáos
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